A música
é um dos principais meios de comunicação existentes na sociedade. Através dela
é possível transmitir não só palavras mas sentimentos e ideias que podem ganhar
grandes proporções didáticas, quando bem direcionadas.
“Primeiramente, devemos educar a alma através da música e a seguir o
corpo através da ginástica” disse Platão.
Segundo
ele, a ginástica é dança e luta. A luta para conquistar saúde e vigor e a dança
para alcançar a nobreza e liberdade. A ginástica com a função de desenvolver a
valentia e não a robustez do atleta, e a música para ajudar a não se praticar nada
de mal, além de contribuir para desenvolver ritmo e harmonia.
Assim
sendo, a finalidade da educação musical é “infundir
no educando um espírito de ordem e desenvolver o verdadeiro amor à beleza.” Uma
sociedade em declínio é uma sociedade que abandonou a educação musical como
parte integrante do processo educativo.
De acordo
a Platão, a música é feita de sons, que se manifestam em movimentos ordenados.
O bem específico da música é a capacidade de introduzir ordem e beleza de forma
perfeita nas ações e na vida. Ele define a música como arte educadora por
excelência que, penetrando na alma por meio dos sons, inspira o gosto pelas
virtudes. Por esta razão, na verdadeira educação está presente a música. Ela
não pode transmitir outra coisa se não as virtudes. Na música estão contidos
três elementos: as palavras, a harmonia e o ritmo. Daí a importância da boa e
verdadeira música. A música penetra diretamente em nossos centros nervosos e
ordena de maneira rápida e imediata a divisão do tempo e do espaço.
“A música, tem o poder de acalmar e disciplinar uma criança, portanto
facilita a aprendizagem, seja ela formal ou no âmbito familiar. Ela é um dos
estímulos mais potentes para os circuitos do cérebro, além de ajudar no
raciocínio lógico matemático, contribui para a compreensão da linguagem e para
o desenvolvimento da comunicação. Atua nos dois hemisférios do cérebro. O
direito que é criativo e intuitivo e o esquerdo que é lógico e sequencial” afirma Paulo Roberto Suzuki – Musicoterapeuta.
Pesquisas
realizadas com o intuito de provar a ação da música nas células cerebrais,
mostram que após meses de aula de piano e canto, uma criança manifestou
melhores resultados na reprodução de desenhos geométricos, na percepção
espacial e no jogo de quebra cabeças.
O
processo de ensino que se baseia em uma vivência musical direta e imediata, com
manipulação e experimentação sonora, em prática musical coletiva e em vivência
corporal, estão em consonância com a psicopedagogia de Vigótski.
“Não dá para falar de música, sem falar de Mozart, o grande gênio da
música”, diz Délia
Steinberg Guzman. Ele é um clássico por excelência, somente nele as
formas tomam vida e expressão, é o mais fantástico conhecedor de regras,
imaginação e sensibilidade. Seu estilo universal é atemporal.”
A
filósofa Maria Angeles Fernández, inspirada em Apolo, deus da música nos diz: “nada, é mais agradável aos ouvidos dos deuses, que estes
maravilhosos sons vindos das cordas, extraídos do vento, paridos dos ventres
inchados de tambores e atabaques. O mundo se criou com música, o homem tão
pequeno, tão limitado frente a soberba grandeza de seu contexto, aprendeu em
seguida que os sons eram sua comunicação com Deus.”
Sabemos
da importância de estabelecer regras para o reconhecimento dos limites na
educação da criança, e quem nos ensina isso é a própria natureza, que nos
mostra a todo instante a presença do ritmo, da harmonia e do som. É certo que,
a música nos traz elementos para estabelecer a harmonia, porque é a própria
harmonia.
Nenhuma
criança permanece quieta enquanto canta, bate palmas, bate os pés e dança, ou
seja, os instrumentos naturais do próprio corpo, em sua qualidade de gestos
rítmicos primordiais, complementam a expressão melódica do canto. Considerando que o movimento para a criança é tão necessário
quanto o repouso e a alimentação, mais um motivo para considerar a música como
elemento primordial em sua educação.
Ao trazer
estes elementos para enriquecer e também elucidar a nossa reflexão, meu
objetivo não é outro se não colocar a música no seu lugar de excelência na
educação da criança e também chamar a atenção de pais e educadores para fazer
uso de uma linguagem musical na comunicação ao educar, pois é a linguagem da
alma, portanto, a linguagem adequada para sintonizar com a alma de uma criança.
Crianças
pertencem a um mundo puro, inocente e mágico, onde a música está presente,
portanto, não deve ser excluída do seu cotidiano, pois sua natureza anímica,
pede isso.
Considerando
o que abordamos anteriormente, as palavras, o ritmo e a harmonia são elementos
componentes da música e não por acaso são também elementos que compõem o
universo infantil.
A música
é a linguagem da alma e como tal ela poderá nos ajudar a resgatar os
verdadeiros valores tão ausentes no mundo de hoje, carente dos reais valores
humanos. Humanizar a educação é o maior desafio que encontramos hoje nas
escolas e nas famílias. Humanizar a educação, é fazer valer estas três grandes
virtudes: a bondade, a beleza e a justiça.
Quero com
esta reflexão fazer um chamado a todos aqueles que de alguma forma educam
crianças ou mesmo só têm contato permanente com elas, que façam uso desse
grande recurso ao educar: a música. Ajudando-as a preservar esta virtude que já
é de sua natureza: a sensibilidade.
Muitas
vezes os pais bem intencionados, buscam oferecer aos filhos a melhor educação,
colocando-os em aulas especiais diversas, além de uma escola de educação
infantil, com o intuito de ajudá-los em sua formação. E no entanto, na maioria
das vezes não valorizam e por isso mesmo não estimulam a educação musical, na
educação dos filhos, por desconhecer o seu real valor. Posso afirmar que a
educação musical é completa, educa todos os aspectos do ser humano.
Em uma
educação onde se estimula mais o lado esquerdo do cérebro, ou seja, o racional,
a sensibilidade cede lugar ao endurecimento nas relações, gerando pessoas mais
distantes e frias, ou seja, com pouca ou nenhuma sensibilidade. E a música é
antídoto mais eficaz que podemos lançar mão contra este mal.
Uma ação pedagógica eficaz é cantar, ouvir boas músicas, ouvir músicas
clássicas, ouvir sons da natureza junto com os filhos.
Para
cantar com a criança, não é necessário possuir técnicas vocais, e sim deixar a
voz sair do coração e passar pela garganta carregada de emoção, e assim
conduzí-la, nesse mundo mágico em que ela vive. Cante com ela e os laços
afetivos certamente serão fortalecidos, facilitando assim o seu processo
educativo.
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